segunda-feira, 12 de março de 2012

Entenda a crise na Grécia e suas implicações



A Grécia gastou bem mais do que podia na última década. Os gastos públicos foram às alturas, os salários do funcionalismo praticamente dobraram, ao mesmo tempo em que os cofres públicos eram esvaziados, ocasionando grande endividamento.

A crise da Grécia é resultado desse endividamento, que se aprofundou em razão da crise financeira mundial: O país tem hoje uma dívida equivalente a cerca de 160% do próprio PIB (Produto Interno Bruto), a maior, entre os países da zona do euro. A dívida do país supera, em muito, sua capacidade de pagar e o limite de 60% do PIB estabelecido pelo país para fazer parte do da União Europeia.

É a mesma situação que enfrenta um cidadão comum que já gastou todo o salário e recorre a todos os limites de cartão de crédito e de cheque especial: ele fica sem ter de onde tirar recursos para quitar todas as suas dívidas.


Como membro da zona do euro, a Grécia enfrentou pressões dos demais membros para colocar suas finanças em ordem e evitar a declaração de moratória - o que significaria deixar de pagar os juros das dívidas ou pressionar os credores a aceitar pagamentos menores e perdoar parte da dívida. O país passou a enfrentar problemas para arrecadar impostos, uma vez que empresas começaram a decretar falência, o desemprego aumentou e o consumo caiu. Com isso, aumentou o déficit (situação que ocorre quando mais dinheiro sai do que entra).
Um calote grego pode fazer com que investidores questionem se a Irlanda e Portugal não seguirão o mesmo caminho. O problema real diz respeito ao que acontecerá com a Espanha, que só tem conseguido obter dinheiro no mercado a custos crescentes. Para se ter uma noção a economia espanhola equivale à soma das economias grega, irlandesa e portuguesa. Seria muito mais difícil para a UE estruturar, caso seja necessário, um pacote de resgate para um país dessa dimensão.
Nesse cenário entram o FMI (Fundo Monetário Internacional) e a UE (União Europeia): o primeiro porque tem a missão de ajudar países com dificuldades de pagar suas dívidas - em geral exigindo em troca medidas como cortes de gastos públicos e aumentos de impostos. O segundo porque o rombo nas contas da Grécia pode comprometer outros países com situação financeira frágil e fortemente abalados pela crise global - como Portugal, Espanha e Irlanda.
Em outubro de 2011, ainda com o país à beira do colapso financeiro, os líderes da zona do euro alcançaram um acordo com os bancos credores, que reduz em 50% a dívida da Grécia. Com o plano, a dívida grega terá um alívio de 100 bilhões de euros após a adesão, pela maior parte dos bancos.
Neste mês de março de 2012, o governo da Grécia anunciou (sexta-feira (09)) que o plano de reestruturação da dívida ganhou a adesão de 95,7% de seus credores.
A Grécia precisava da participação de pelo menos dois terços de seus credores para realizar a troca dos bônus atuais por outros depreciados, na maior reestruturação de dívida de sua história.
A dívida grega, que atualmente gira em torno de € 206 bilhões com o plano de reestruturação, tais valores foram depreciados em torno de 53,5%. Portanto, para cada € 100 de dívida, a Grécia pretende oferecer novos títulos no valor de € 46,5 e os investidores teriam que renunciar ao resto. Desse modo, os detentores da dívida privada perderão 53,5% de seu investimento, por meio da troca dos títulos da dívida por outros de valor menor.
O objetivo é reduzir o peso da dívida, que chega atualmente a 160% do PIB, para 120,5% em 2020.
Ainda no mês de outubro de 2011, o país começou a enfrentar uma série de violentos protestos nas ruas. A população se revoltou contra o plano de austeridade fiscal que inclui um plano de cortes, alteração na previdência, aumento de impostos, demissões de funcionários públicos e redução de salários nos setores público e privado, tais medidas são consideradas por muitos servidores como impopulares e bárbaras e, sofrem forte rejeição da população.
Reginaldo Silveira

Parlamento Grego durante votação para aprovação de medidas para a contenção de gastos



Manifestantes em frente à sede do Parlamento Grego e, em confronto com a polícia em reação à votação que aprovou as medidas de austeridade para a contenção de gastos.

Efeito da Crise no Brasil
Como tudo está interligado atualmente, seja na economia, tecnologia e até nas relações humanas, é muito provável que um evento de grandes proporções como é o caso da crise na economia Grega possa afetar o Brasil e outros países.
Essa crise pode comprometer, principalmente as médias e pequenas empresas. Não é para menos. Elas são as mais suscetíveis a sentir esses abalos financeiros, a exemplo da crise financeira na Grécia, que pode repercutir negativamente no Brasil, já que os bancos brasileiros, com dificuldade em buscar recursos no exterior, ou para compensar as perdas com o investimento na Grécia podem reduzir a oferta de crédito, dando preferência em fazer empréstimos para as grandes empresas. Ou ainda, elevar a taxa de juros.
Por conseguinte, fica mais caro importar e, os produtos brasileiros perdem valor de mercado tornando-se mais baratos.
Significados de austeridade: Rigidez, severidade, dureza, firmeza, rigor;
Referências
http://carreiraenegocios.uol.com.br/gestao-motivacao/23/artigo178801-1.asp

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