A Grécia
gastou bem mais do que podia na última década. Os gastos públicos foram às
alturas, os salários do funcionalismo praticamente dobraram, ao mesmo tempo em
que os cofres públicos eram esvaziados, ocasionando grande endividamento.
A crise
da Grécia é resultado desse endividamento, que se aprofundou em razão da crise
financeira mundial: O país tem hoje uma dívida equivalente a cerca de 160% do próprio
PIB (Produto Interno Bruto), a maior, entre os países da zona do euro. A dívida
do país supera, em muito, sua capacidade de pagar e o limite de 60% do PIB
estabelecido pelo país para fazer parte do da União Europeia.
É a mesma
situação que enfrenta um cidadão comum que já gastou todo o salário e recorre a
todos os limites de cartão de crédito e de cheque especial: ele fica sem ter de
onde tirar recursos para quitar todas as suas dívidas.
Como membro da zona do euro, a Grécia enfrentou pressões dos demais membros
para colocar suas finanças em ordem
e evitar a declaração de moratória - o que significaria deixar de pagar os
juros das dívidas ou pressionar os credores a aceitar pagamentos menores e
perdoar parte da dívida. O país passou a enfrentar problemas para
arrecadar impostos, uma vez que empresas começaram a decretar falência, o
desemprego aumentou e o consumo caiu. Com isso, aumentou o déficit (situação
que ocorre quando mais dinheiro sai do que entra).
Um
calote grego pode fazer com que investidores questionem se a Irlanda e Portugal
não seguirão o mesmo caminho. O problema real diz respeito ao que acontecerá
com a Espanha, que só tem conseguido obter dinheiro no mercado a custos
crescentes. Para se ter uma noção a economia espanhola equivale à soma
das economias grega, irlandesa e portuguesa. Seria muito mais difícil para a UE
estruturar, caso seja necessário, um pacote de resgate para um país dessa
dimensão.
Nesse cenário entram o FMI (Fundo
Monetário Internacional) e a UE (União Europeia): o primeiro porque tem a
missão de ajudar países com dificuldades de pagar suas dívidas - em geral
exigindo em troca medidas como cortes de gastos públicos e aumentos de
impostos. O segundo porque o rombo nas contas da Grécia pode
comprometer outros países com situação financeira frágil e fortemente abalados
pela crise global - como Portugal, Espanha e Irlanda.
Em
outubro de 2011, ainda com o país à beira do colapso financeiro, os líderes da
zona do euro alcançaram um acordo com os bancos credores, que reduz em 50% a
dívida da Grécia. Com o plano, a dívida grega terá um alívio de 100 bilhões de
euros após a adesão, pela maior parte dos bancos.
Neste mês de março de 2012, o
governo da Grécia anunciou (sexta-feira (09)) que o plano de reestruturação da
dívida ganhou a adesão de 95,7% de seus credores.
A Grécia precisava da participação
de pelo menos dois terços de seus credores para realizar a troca dos bônus
atuais por outros depreciados, na maior reestruturação de dívida de sua
história.
A dívida grega, que atualmente gira
em torno de € 206 bilhões com o plano de reestruturação, tais valores foram
depreciados em torno de 53,5%. Portanto, para cada € 100 de dívida, a Grécia
pretende oferecer novos títulos no valor de € 46,5 e os investidores teriam que
renunciar ao resto. Desse modo, os detentores da dívida privada perderão 53,5%
de seu investimento, por meio da troca dos
títulos da dívida por outros de valor menor.
O objetivo é reduzir o peso da
dívida, que chega atualmente a 160% do PIB, para 120,5% em 2020.
Ainda
no mês de outubro de 2011, o país começou a enfrentar uma série de violentos
protestos nas ruas. A população se revoltou contra o plano de austeridade fiscal que inclui um plano de cortes, alteração na previdência, aumento
de impostos, demissões de funcionários públicos e redução de salários nos setores
público e privado, tais
medidas são consideradas por muitos servidores como impopulares e bárbaras e, sofrem forte rejeição da
população.
Reginaldo Silveira
Parlamento Grego durante
votação para aprovação de medidas para a contenção de gastos
Manifestantes em frente à sede
do Parlamento Grego e, em confronto com a polícia em reação à votação que
aprovou as medidas de austeridade para a contenção de gastos.
Efeito da Crise no Brasil
Como
tudo está interligado atualmente, seja na economia, tecnologia e até nas
relações humanas, é muito provável que um evento de
grandes proporções como é o caso da crise na economia Grega possa afetar o
Brasil e outros países.
Essa crise pode comprometer,
principalmente as médias e pequenas empresas. Não é para menos. Elas são as
mais suscetíveis a sentir esses abalos financeiros, a exemplo da crise
financeira na Grécia, que pode repercutir negativamente no Brasil, já que os
bancos brasileiros, com dificuldade em buscar recursos no exterior, ou para
compensar as perdas com o investimento na Grécia podem reduzir a oferta de
crédito, dando preferência em fazer empréstimos para as grandes empresas. Ou
ainda, elevar a taxa de juros.
Por conseguinte, fica mais caro
importar e, os produtos brasileiros perdem valor de mercado tornando-se mais
baratos.
Significados de austeridade: Rigidez,
severidade, dureza, firmeza, rigor;
Referências
http://carreiraenegocios.uol.com.br/gestao-motivacao/23/artigo178801-1.asp
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